terça-feira, 12 de outubro de 2010

Tabagismo induz alterações em gene supressor tumoral

 Já se conheciam inúmeros efeitos adversos para a saúde, relacionados com o tabagismo. Todavia, investigadores da universidade britânica de Birmingham provaram pela primeira vez que o tabagismo está directamente relacionado com a supressão da acção de genes que ajudam a combater os tumores.

 Para levar a cabo este estudo foram analisadas células do cancro do colo do útero, visto que as mulheres com cancro do colo do útero têm um maior número de mutações epigenéticas, ou seja, alterações do DNA, por ligação de um grupo metilo, no gene p16, que tem como função a supressão de tumores. 

 Essa análise permitiu concluir que a percentagem de células com o gene alterado era muito superior nas mulheres fumadoras (cerca de 37%) que nas não-fumadoras (cerca de 9,3%). Isto comprova, mais uma vez, que os indivíduos fumadores têm mais tendência a desenvolver cancro que os não-fumadores.

 Contudo, nesta investigação foram também estudadas mulheres que tinham deixado de fumar. Verificou-se que nessas mulheres a percentagem de células com o gene p16 modificado era igualmente baixa, o que sugere que estas alterações genéticas induzidas pelo tabagismo são revertíveis.

domingo, 3 de outubro de 2010

Equipa portuguesa identifica radical livre benéfico para as células


 Os radicais livres são átomos, moléculas ou iões geralmente muito reactivos que são produzidos pelas células humanas, durante o seu metabolismo, exercendo um efeito oxidante nas estruturas biológicas. Segundo a teoria dos radicais livres, proposta nos anos 50 do século passado pelo cientista norte-americano Denham Harman, é a acumulação destes radicais nas células (nomeadamente as espécies reactivas de oxigénio) que leva ao envelhecimento dos organismos.

 Contudo, estudos levados a cabo por uma equipa portuguesa do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde, associada à Universidade do Minho (no Norte do país), concluíram que é errada a generalização de que todas as espécies reactivas de oxigénio exercem efeitos negativos em termos de envelhecimento celular.

 A investigação realizada em células de leveduras concluiu que enquanto o anião (ião com carga negativa) e radical livre superóxido é efectivamente prejudicial para as células dos organismos vivos, o peróxido de hidrogénio, outra espécie reactiva de oxigénio (cuja estrutura está representada à direita), tem, na verdade, efeitos benéficos para a longevidade celular, pois activa "algumas vias de sinalização intercelular", algo que é indispensável para assegurar a sobrevivência das células.

 Esta descoberta poder-se-à revelar útil para futuras estratégias de combate ao envelhecimento.

Fonte: http://www.tvi24.iol.pt/tecnologia/envelhecimento-tvi24/1195800-4069.html
          http://en.wikipedia.org/wiki/Free-radical_theory (3/10/2010 - 18h)

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Parasita da malária foi importado dos gorilas

 A malária, uma doença que todos os anos atinge entre 350 e 500 milhões de indivíduos, é uma patologia provocada por um parasita, um protozoário do género Plasmodium, sendo transmitida através da picada de um mosquito do género Anopheles. De entre as várias espécies de parasitas do género Plasmodium, Plasmodium falciparum é a responsável pela maioria dos casos de malária (cerca de 91%) e aquela que mais casos letais origina. 

 Acontece que até agora pensava-se que os hominídeos sempre tinham convivido com a malária e com P. falciparum, ou que, segundo outros investigadores, o parasita começou a infectar os hominídeos mais tarde, tendo sido transmitido por chimpanzés.


 Contudo, novos estudos sugerem que foi através dos gorilas que os hominídeos começaram a contactar com esta doença. Na verdade, através do estudo das relações evolutivas entre diversos parasitas da malária presentes na África Central, investigadores britânicos e norte-americanos concluíram que o parasita que afecta os seres humanos está muito próximo evolutivamente do parasita que provoca malária nos gorilas, tendo evoluído a partir deste há cerca de 300 000 anos. 

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Óxido nítrico pode ser fundamental na reparação de lesões cerebrais

 Um estudo realizado por investigadores da Universidade de Coimbra (em Portugal) em colaboração com cientistas da Universidade de Lund, na Suécia, debruçou-se sobre o papel do óxido nítrico, aquando de lesões cerebrais. 


 O óxido nítrico é uma molécula constituída por um átomo de oxigénio e um átomo de azoto (daí a sua fórmula química ser NO). O óxido nítrico encontra-se naturalmente sob a forma de um gás, com importantes funções biológicas, actuando como uma molécula envolvida na transmissão de informação entre células. Para além disso, esta molécula é produzida no cérebro, aquando de uma inflamação. 


 Pensava-se, por isso, que impedisse a proliferação de células-tronco neuronais, essenciais à recuperação das zonas lesionadas. Contudo, o estudo mostrou que, aquando de uma concentração reduzida de óxido nítrico, a proliferação deste tipo de células foi estimulada. Estas conclusões podem se vir a revelar particularmente importantes para futuros tratamentos de lesões cerebrais, como o Alzheimer 

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Investigador português é galardoado com o Prémio Internacional Viktor Ambartsumian

 O Prémio Internacional Viktor Ambartsumian, que foi entregue pela primeira vez este ano, pelo Presidente da República da Arménia, distingue os indivíduos que se destacaram na área da astrofísica (o ramo da astronomia que se ocupa com o estudo da física ligada ao universo,  nomeadamente as propriedades físicas deste) e áreas adjacentes (física e matemática).

 Este ano, o prémio, no valor de 500.000 dólares (aproximadamente 385.000 euros) foi entregue a três investigadores, de entre os quais, um português - Nuno Cardoso Santos, astrónomo no Centro de Astrofísica da Universidade do Porto e autor de 128 artigos publicados, tendo mais de 5200 citações. Os outros dois investigadores galardoados com o prémio Viktor Ambartsumian foram Michel Mayor, astrónomo e professor suíço na Universidade de Genebra, e Garik Israelian, astrofísico arménio, actualmente a trabalhar nas Ilhas Canárias.

 O prémio foi atribuído aos três investigadores pelo seu trabalho desenvolvido no estudo de estrelas, em torno das quais orbitam planetas, algo que é fundamental para a compreensão dos processos que levam à formação de novos planetas.

 Viktor Ambartsumian (1908 - 1996, de seu verdadeiro nome Viktor Hambardzumyan) foi um cientista Soviético nascido na Arménia, sendo considerado um dos pioneiros no estudo da astrofísica teórica, tendo vencido a Medalha de Ouro Lomonossov (1971), o Prémio Estaline (1946, 1950) e sido galardoado com o título de Herói Nacional da Arménia. 

Fontes: http://www.astro.up.pt/divulgacao/index.php?WID=461&CID=1&ID=141&Lang=pt
            http://en.wikipedia.org/wiki/Viktor_Hambardzumyan

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Ciência e cientistas da Croácia

 Este post surge na sequência da minha visita à Cróacia, país que, apesar de pequeno, deu importantes contributos à Ciência mundial.

 Na Idade Média, a República de Ragusa (actual cidade de Dubrovnik, no sul da Croácia) foi o primeiro estado a decretar a obrigatoriedade de indivíduos e navios permanecerem isolados e fora da cidade por um período de tempo, como forma de prevenir o registo de casos de peste, uma doença infecto-contagiosa. Este período de tempo era inicialmente de 30 dias, tendo sido posteriormente alargado para 40, nascendo aí a quarentena. Também em Dubrovnik abriu a primeira farmácia da Europa, que ainda se encontra em funcionamento, localizando-se no interior do Mosteiro Franciscano.

 Já no século XVIII, Ruder Boskovic (na imagem), cientista e religioso croata, desenvolveu a teoria atómica e fez vários estudos na área da astronomia (muitas delas apoiadas na matemática), tendo descoberto que na Lua não existe atmosfera. 


 Entre os finais do século XIX e os princípios do século XX, destacam-se os trabalhos do sismologista Andrija Mohorovicic, que descobriu que as ondas sísmicas se reflectem e refractam, tendo deduzido a existência de uma descontinuidade entre a crosta e o manto (que hoje se chama, em sua honra, descontinuidade de Moho); do inventor eslovaco de origem croata Stefan Banic, que inventou o primeiro pára-quedas utilizado de facto e o pára-quedas militar e do inventor Nikola Tesla, que desenvolveu a corrente alternada, o motor de indução e a transmissão de sinais sem fios.


 Dois croatas foram laureados com o prémio Nobel da Química - Leopold Ruzicka e Vladimir Prelog, sendo que actualmente inúmeros cientistas croatas trabalham em equipas internacionais.

sábado, 4 de setembro de 2010

Cianobactérias podem nos ajudar a proteger das radiações UV

 Durante o Verão é fundamental uma boa protecção contra as radiações solares, nomeadamente as radiações ultravioleta (UV), que, por exemplo, potenciam o aparecimento de tumores. Contudo, moléculas produzidas por cianobactérias podem contribuir, no futuro, para uma melhor protecção.

 As cianobactérias são bactérias que realizam a fotossíntese, apresentando uma tonalidade verde-azulada, sendo por isso designadas erradamente por algas azuis (visto que não são algas, existindo apenas algas verdes, castanhas e vermelhas). Dado as cianobactérias terem surgido há cerca de 3.4 biliões de anos, antes do planeta possuir uma atmosfera rica em ozono (que surgiu com a libertação de oxigénio para a atmosfera, em grandes quantidades, devido à actividade fotossintética), estes seres vivos estavam expostos à radiação ultravioleta, que danifica a molécula de DNA. Como forma de protecção, estas bactérias produzem pequenas moléculas, designadas por MAAs (mycosporine-like amino acids), que absorvem a radiação ultravioleta, funcionando de modo similar a alguns protectores solares.

 Agora, investigadores norte-americanos descobriram quais os genes e as enzimas envolvidos na produção das MAAs, o que se revelará particularmente útil para o fabrico de cosméticos (já foi produzido um cosmético anti- envelhecimento, que utilizava MAAs) e de protectores solares.

Fonte: http://www.newscientist.com/article/dn19392-ancient-bacteria-could-improve-antiageing-cosmetics.html (04/09/2010)

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Descoberto sistema planetário semelhante ao Sistema Solar

 Um sistema planetário, como o sistema solar, engloba, entre outros corpos, uma estrela, em torno da qual orbitam vários planetas. No universo existem vários sistemas planetários e uma equipa internacional de investigadores, da qual faziam parte dois portugueses, identificou aquele que, até ao momento, é o sistema mais parecido com o nosso (sistema solar).

 Neste sistema planetário existem provavelmente sete planetas principais, ou seja, menos um que no nosso (de lembrar que Plutão é considerado um planeta-anão), que orbitam em volta da estrela HD 10180, uma estrela de massa similar à do Sol. É certa a presença de cinco planetas no sistema planetário, todos eles gasosos, sendo que os cientistas suspeitam da presença de outros dois - um similar a Saturno e outro com 1,4 vezes a massa da Terra.

 Este sistema planetário está situado a 127 anos-luz da Terra, sendo que o planeta pouco maior que a Terra deverá ser rochoso. Contudo, exclui-se a hipótese de existência de vida nesse planeta, pois encontra-se demasiado próximo da estrela, demorando um ano, naquele planeta, cerca de 28 horas.

Fonte: http://www.publico.pt/Ciências/descoberto-o-sistema-solar-mais-parecido-com-o-nosso_1452689

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Doação de órgãos - Um acto de solidariedade

 A doação de órgãos, quer em vivo, quer após a morte, é um acto de solidariedade que pode ajudar a salvar várias vidas, dado os órgãos doados serem utilizados em transplantes. 

 Os indivíduos que pretendem doar órgãos, enquanto estão vivos, podem fazê-lo, desde que apresentem as condições de saúde necessárias. Em Portugal existem unidades de transplantação de rim, fígado, coração, córnea, pâncreas, pulmão e medula óssea, localizando-se todas as unidades em hospitais públicos. Já no Brasil, é possível a doação de rim, fígado, coração, córnea, pâncreas, pulmão, medula óssea, pele e válvulas cardíacas. 

 Já os indivíduos que pretendam doar órgãos após a sua morte desconhecem muitas vezes quais os passos que devem dar. Dessa forma, e dado que tornar-se um doador pós-morte é extremamente simples, mas também importante, passo a explicar qual a lei vigente em Portugal e, a pedido do Ministério da Saúde Brasileiro, no Brasil.

Em Portugal:

 Em Portugal, qualquer indivíduo (que tenha a cidadania portuguesa, ou que seja estrangeiro residente em Portugal) é considerado doador à nascença. Isto, porque a lei vigente em Portugal assume que todos os indivíduos se dispõem a doar órgãos, após a sua morte. Sendo assim, ao contrário do que se passa noutros países, não é necessário realizar qualquer pedido, formal ou informal, informando do desejo de doação dos órgãos pós-morte. Contudo, os indivíduos que não concordem com esta lei podem, no Centro de Saúde, entregar um impresso, no qual exprimem o desejo de que não lhes sejam retirados órgãos após a morte. A lei aplicada em Portugal, no que concerne a este tema, é similar à vigente na Espanha, Áustria, Eslováquia, Hungria, Luxemburgo, Polónia e República Checa.

No Brasil:

 No Brasil, a lei não assume que ninguém seja doador à nascença. Dessa forma, qualquer indivíduo que esteja interessado em doar órgãos deve dizê-lo aos seus familiares, expressando claramente o seu desejo. Não é necessário o indivíduo deixar nada por escrito, mas deve-se assegurar que os familiares se comprometem a autorizar, por escrito, a doação de órgãos pós-morte.  

 Lembre-se: São vidas humanas que estão em jogo e tudo depende de uma simples conversa com os seus familiares.

Para mais informações consulte: 


 Brasil: Portal do Ministério da Saúde - Transplantes
             Contacte: comunicacao@saude.gov.br

domingo, 22 de agosto de 2010

Células NK podem facilitar transplante de fígado

 As células NK (Natural Killer cells), também denominadas células assassinas, são um tipo de leucócitos (glóbulos brancos), mais propriamente de linfócitos T, que desempenham uma importante função em termos de destruição de células cancerígenas ou infectadas por vírus. Contudo, um tipo especial de células NK, denominadas células NKTreg, podem no futuro vir a desempenhar um importante papel, no que toca à aceitação de órgãos transplantados.

 A rejeição de órgãos transplantados está relacionada com a actividade do sistema imunitário, nomeadamente de outro tipo de linfócitos T. Porém, investigadores portugueses da Universidade de Lisboa, através de estudos  envolvendo fígados de ratos, descobriram que as células NKTreg possuem um gene que controlava os linfócitos T reguladores,  o que permitiu suprimir a actividade imunitária que ocorria nos fígados dos ratos.

 Como as células NKTreg apenas suprimiram a acção imunitária no fígado (e não no organismo inteiro) e dado estas células também existirem nos seres humanos, há possibilidade de que, no futuro, este tipo de linfócitos possa ser utilizado para evitar rejeições de transplante de fígado.

Fontes: http://www.newscientist.com/article/mg20727744.100-killer-tcells-the-fix-for-organ-rejection.html
           http://www.publico.pt/Ciências/descobertas-celulas-amigas-do-transplante-de-figado_1450886 (22/08/2010)

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Identificado gene relacionado com as enxaquecas


 É sabido que factores ambientais, como o stress, a alimentação e as alterações do número de horas de sono, contribuem fortemente para o aparecimento de enxaquecas. Contudo, investigadores do ICBAS (Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, localizado no Porto, em Portugal) descobriram que existe um gene associado a esta doença.

 O gene em questão denomina-se STX1A e é responsável pela produção de sintaxina 1A, uma proteína (cuja estrutura está representada na imagem da direita) que por sua vez tem como função a regulação da libertação de neurotransmissores (substâncias químicas que transmitem um sinal nervoso de um neurónio para outro ou para uma célula-alvo, durante uma sinapse) no Sistema Nervoso Central. 

 A amostra analisada pelos investigadores do ICBAS era composta por 188 indivíduos que padeciam de enxaquecas e 287 que não sofriam desse problema (grupo de controlo). No grupo dos indivíduos doentes foram detectadas duas variações do gene STX1A, o que sugere que estas estão directamente relacionadas com uma maior susceptibilidade do indivíduo ao desenvolvimento desta patologia.

Fonte: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=44604&op=all#cont (19/08/2010 - 18h40)

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Desvendado o segredo da alergia ao níquel

 O níquel é um metal com o qual "contactamos" frequentemente, dado ser muito utilizado em joalharia, estar presente, na maioria das ligas metálicas de que são feitas as moedas (as moedas de 1 e 2 euros, por exemplo, apresentam níquel na sua constituição), poder ser um elemento presente no aço inoxidável e até próteses médicas. Este elemento (de símbolo químico Ni) é o 28º da tabela periódica, sendo um "metal de transição" e podendo formar diversos iões. A sua descoberta remonta a 1751 e deveu-se ao mineralogista sueco Axel Fredrik Cronstedt. 

 Contudo, a alergia ao níquel é a hipersensibilidade de contacto mais comum nos países ocidentais, tendo uma equipa de investigadores alemães descoberto a causa para esse facto. Acontece que, este metal actua de modo similar ao das bactérias - O contacto com o níquel desencadeia, nos indivíduos alérgicos a este metal, uma reacção inflamatória, através da activação de um receptor celular, denominado TLR4. Ora, este é o mesmo receptor que é activado, aquando do contacto com bactérias, levando à ocorrência de uma resposta do sistema imunitário. A activação do receptor TLR4, por parte do níquel, leva então a uma resposta imunitária exagerada, que se manifesta sob a forma da alergia a este metal.

 Como o níquel e as bactérias se ligam a diferentes regiões do receptor, o bloqueio da local onde se liga o níquel poderá prevenir a alergia ao metal, sem impedir que o receptor origine uma resposta imunitária, aquando do contacto com bactérias.

Fontes: http://www.newscientist.com/article/dn19318-mystery-of-most-common-contact-allergy-solved.html
           http://www.nature.com/ni/journal/vaop/ncurrent/full/ni.1919.html
           http://en.wikipedia.org/wiki/Nickel (16/08/2010)

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Australopithecus afarensis já utilizava ferramentas e comia carne

 A descoberta de ossos animais fossilizados (nomeadamente de um antílope do tamanho de uma cabra e de um animal do tamanho de uma vaca) com cerca de 3,4 milhões de anos, apresentando marcas (muito provavelmente feitas por instrumentos), sugere que os hominídeos já utilizavam ferramentas e comem carne há mais tempo do que anteriormente se julgava.

 Estes ossos foram descobertos na Etiópia, por investigadores do Instituto Max Planck, na Alemanha, estando inseridos num estrato, cujos sedimentos tinham cerca de 3,2 milhões de ano. Contudo, outras evidências geológicas apontam para que os ossos apresentem uma idade de 3,4 milhões de anos. Ora, como nesse período o Australopithecus afarensis (espécie à qual pertencia a Lucy) era a única espécie de antepassados do ser humano presente naquele local, assume-se agora que A. afarensis já utilizava ferramentas e comia carne.

 Sabia-se já que os indivíduos pertencentes à espécie Homo habilis (que vivera entre há 2,4 e 1,4 milhões de anos atrás) não tinham sido os primeiros a utilizar ferramentas, pois em 1997 foram descobertas, também na Etiópia, artefactos pontiagudos de pedra com cerca de 2,5 milhões de anos. Porém, esta nova descoberta indica que a utilização de ferramentas é cerca de 800 000 anos mais antiga, o que sugere que a espécie Australopithecus afarensis não era tão primitiva quanto se pensava.

Fontes: http://www.newscientist.com/article/dn19302-early-humans-were-butchers-34-million-years-ago.html
           http://www.nature.com/nature/journal/v385/n6614/abs/385333a0.html
           http://www.publico.pt/Ciências/a-australopiteca-lucy-ja-comia-carne-e-usava-faca_1451073 (12/09/2010)

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Portugal afirma-se internacionalmente no plano científico

 Portugal é o país europeu que mais cresce em termos de pedidos de patentes, sendo criadas pelos portugueses, em média, duas invenções por dia, de acordo com dados do semanário "Expresso". 

 Na verdade, têm-se vindo a registar progressos no que toca à inovação e ao desenvolvimento tecnológico, sendo esse crescimento já superior à média europeia. Relativamente aos pedidos de patentes, estes têm vindo a registar um aumento de 40% cada ano, desde 2004.

 Em termos de investigação, pode-se afirmar que Portugal está então a aproximar-se dos padrões da Europa Ocidental e Nórdica, procurando colmatar o "atraso" existente, desde há muito tempo. Para isso, tem contribuído o investimento de empresas nacionais e internacionais, o aumento do número de investigadores (e, sobretudo, do número de investigadores portugueses a trabalhar em Portugal) e da qualidade de investigação levada a cabo a nível das universidades e institutos.


Fonte: http://www.tvi24.iol.pt/tecnologia/invencoes-inventores-portugal-europa-inovacao-tvi24/1183131-4069.html (09/08/2010)

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Genoma das esponjas poderá desvendar segredos ligados ao cancro

 O genoma das esponjas, seres vivos multicelulares (ou seja, que possuem mais do que uma célula) aquáticos extremamente rudimentares, foi sequenciado, o que permitirá compreender quais os genes relacionados com a multicelularidade e até dar resposta a algumas questões sobre o cancro. O facto do genoma da esponja ser "tão especial" prende-se com o facto de as esponjas serem seres vivos pluricelulares muito primitivos. 

 De entre os 20 000 a 30 000 genes presentes no genoma da esponja, cerca de 4670 famílias de genes (conjuntos de vários genes similares, que desempenham funções bioquímicas semelhantes e resultam da duplicação de um gene original) são comuns a todos os animais, sendo que dessas, 1268, ao não estarem presentes nos seres vivos unicelulares evolutivamente mais próximos das esponjas, estarão muito provavelmente relacionados com a multicelularidade. De facto, algumas das funções desempenhadas por estes genes em questão prendem-se com a capacidade das células enviarem sinais químicos a outras, de divisão e crescimento celular coordenado e de diferenciação (especialização) celular, o que é essencial para a coordenação e "divisão de tarefas" entre as células de um indivíduo multicelular.

 Por outro lado, muitos genes presentes nas esponjas estão envolvidos no aparecimento do cancro. Isto é passível de ser explicado pelo facto dos tumores surgirem devido à divisão descontrolada de células, apenas possível  num indivíduo pluricelular. Contudo, as esponjas não apresentam dois genes relacionados com o cancro e que são extremamente importantes no que toca à divisão celular, sendo que ao compreendermos como é que as esponjas "contornam esta situação", poderemos descobrir mais acerca do papel desses dois genes no aparecimento de cancro em seres humanos. 

Fonte: http://www.newscientist.com/article/mg20727724.100-sponge-genome-provides-toolkit-for-multicellular-life.html (05/08/2010)

sábado, 31 de julho de 2010

Identificadas as células que originam o cancro da próstata

 cancro da próstata vitima todos os anos inúmeros indivíduos do sexo masculino, sendo a forma mais comum de cancro, em homens, nos Estados Unidos da América, onde todos os anos cerca de 10 000 indivíduos morrem devido a esta patologia. Contudo, cientistas norte-americanos deram recentemente um importante passo para a compreensão do desenvolvimento desta doença.

 Acontece que, anteriormente, a hipótese mais aceite pela comunidade científica era a de que eram as células luminais da próstata (ou seja, as células próximas da cavidade interior deste órgão) que originavam este tipo de tumores, pois estas assemelhavam-se às células tumorais. Contudo, cientistas norte-americanos demonstraram que são as células basais que existem no tecido da próstata que estão na origem deste tipo de cancro. Estas células, contrariamente às luminais, proliferam muito mais facilmente, assemelhando-se no tecido da próstata, em termos de funções, a células-tronco. Já as células luminais, produzem sobretudo proteínas essenciais para a reprodução.

 A experiência realizada pelos cientistas consistiu na introdução de tecido da próstata humana saudável em ratos, onde foi inibida a actividade do sistema imunitário, de modo a induzir-lhes o aparecimento de cancro nesse órgão, permitindo monitorizar as alterações registadas. De referir que, segundo os investigadores, esta descoberta pode originar métodos de diagnóstico mais eficazes e até novas formas de tratamento contra o cancro da próstata.

Fontes: http://www.physorg.com/news199624374.html (31/07/2010)
           http://dn.sapo.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=1630129&seccao=Sa%FAde (31/07/2010)

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Produção de biodiesel por algas apresenta desvantagens ecológicas

 A produção de biodiesel por parte de algas parece ser uma solução ecológica para a produção de um combustível, visto que para ser produzido biodiesel é necessário que ocorra a absorção de dióxido de carbono por parte destes seres vivos. Contudo, estudos mais recentes indicam que a quantidade de gases de efeito de estufa gerados aquando da produção deste biodiesel é cerca de quatro vezes superior à quantidade de gases libertados aquando da produção de gasóleo.

 Acontece que para as algas produzirem biodiesel, estas necessitam de estar expostas à luz solar e, como estas se encontram dentro de tubos, é necessário fornecer-lhes energia para "movê-las" e assegurar que contactam adequadamente com a luz solar.

 Se produzir biodiesel em biorreactores tubulares parece ser uma má opção, sob o ponto de vista ambiental, a produção deste tipo de combustível, por parte de algas, em lagos abertos (como os da imagem à direita) também não é solução. Apesar de a produção de gases de efeito de estufa ser menor, a água dos lagos tende a evaporar (o que acarreta um maior consumo de água) e a quantidade de biodiesel produzida é menor.

 Dessa forma, dada a necessidade de encontrar um combustível "verde", investigadores estão a desenvolver biorreactores fechados, onde as algas circulam à custa do fornecimento de pouca energia.


Fonte: http://www.newscientist.com/article/mg20727704.700-biodiesel-from-algae-may-not-be-as-green-as-it-seems.html (31/07/2010)

sábado, 24 de julho de 2010

Investigadores portugueses desenvolvem tecido "imune" à sujidade

 Quantas vezes desejamos que os nossos tecidos não se sujassem? Pois bem, esta já não é uma ideia utópica, pois investigadores portugueses do Centi (Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes), em Famalicão (no Norte de Portugal) desenvolveram um tecido que não se sujam e que em breve será comercializado no mercado sob a forma de guardanapos e toalhas de mesa.

 Este tecido, denominado "easyclean", é fabricado com recurso a nanomateriais que impedem substâncias aquosas e oleosas de penetrar nele e, como tal, que se suje. Para além disso, o tecido é fácil de limpar, o que leva a que tenha de ser lavado menos frequentemente, o que resulta na poupança de água e na diminuição da quantidade de detergente (que apresenta uma grande quantidade de produtos químicos) utilizado. 

 A comercialização dos guardanapos e das toalhas de mesa, fabricados com recurso ao "easyclean", será levada a cabo pela empresa Têxteis Penedo, algo que resultou da parceria entre os investigadores do Centi e o Citeve (Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário), esperando-se que a Têxteis Penedo lucre, num período entre um a dois anos, cerca de um a dois milhões de euros, à conta destes novos produtos.

 Para além deste tecido que não se suja, o Centi tem vindo a desenvolver muitos outros objectos úteis para o consumidor e, simultaneamente, ecológicos, recorrendo à nanotecnologia, nomeadamente, couros "livres de odores desagradáveis" e um ladrilho que funciona como interruptor de electricidade (que controla a intensidade de emissão de luz).

Fonte: http://dn.sapo.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=1625528 (24/07/2010)

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Peixe ajuda a recuperar ecossistema aquático "morto"

 O ecossistema de Benguela, um ecossistema aquático localizado na costa de Angola e da Namíbia (no sudoeste de África), está infestado por medusas e algas, tornando este ambiente desfavorável para o desenvolvimento de outras espécies. O ecossistema de Benguela fora, outrora, um local de captura de sardinha, tendo sido a pesca excessiva a responsável por esta situação.

 As condições não são, então, favoráveis ao desenvolvimento de uma comunidade biologicamente diversa: As algas presentes no ecossistema consumem uma grande quantidade de oxigénio, levando a que no fundo oceânico os níveis deste gás sejam inferiores a 10% (uma quantidade muito reduzida para a maior parte das criaturas marinhas). Já ao nível da superfície, onde existe maior quantidade de oxigénio, existe uma presença uma concentração elevada de algas e medusas, o que não é propício ao desenvolvimento de outras formas mais diversificadas de vida. Por outro lado, quando as algas morrem, caem e libertam uma grande quantidade de ácido sulfídrico, um gás venenoso. 

 Contudo, um peixe da família Gobiidae, de nome científico Sufflogobius bibarbatus (von Bonde, 1923) não só conseguiu sobreviver nesse ecossistema inóspito, como se estabeleceu nele plenamente. Este peixe alimenta-se de restos de algas mortas, conseguindo sobreviver no fundo durante o dia (o seu baixo metabolismo permite-lhes aguentar níveis reduzidos de oxigénio), emergindo durante a noite para captar oxigénio. O facto deste peixe ter predadores naturais permite a reciclagem de nutrientes neste ecossistema, o que poderá permitir que este recupere a biodiversidade de outrora. 


 O vídeo seguinte (em inglês) mostra as estratégias adoptadas por Sufflogobius bibarbatus para sobreviver neste ambiente:



Fonte: http://www.newscientist.com/article/dn19182-super-goby-helps-salvage-ocean-dead-zone.html (21/07/2010)

domingo, 18 de julho de 2010

Mosquitos geneticamente modificados são a nova esperança no combate à malária

 A malária é uma doença provocada por um parasita, que todos os anos é responsável pela morte de mais de um milhão de indivíduos, sobretudo em África. Acontece que o parasita, um protozoário do género Plasmodium, entra para a corrente sanguínea humana aquando da picada de um mosquito do género Anopheles já infectado por esse protozoário (sendo o mosquito, por isso, o vector de transmissão do parasita).

 Deste modo, como forma de impedir o desenvolvimento do parasita nos mosquitos do género Anopheles (sendo impedida assim a transmissão de malária para os seres humanos)investigadores norte-americanos alteraram o genoma de alguns indivíduos deste género. Seguidamente, os cientistas injectaram o parasita da malária em 90 dos mosquitos, tendo constatado posteriormente que o desenvolvimento do parasita fora completamente bloqueado, ou seja, a alteração genética em causa tinha imunizado os insectos contra o protozoário.

 Esta "imunização" foi conseguida à conta de uma alteração num único gene, estando esse envolvido na produção de insulina. Isto representa uma vantagem relativamente a outras abordagens similares, mas anteriores a esta, que recorriam à modificação de vários genes e não alcançavam uma taxa de sucesso tão grande.

 O próximo passo estará relacionado com a substituição dos mosquitos do género Anopheles "normais" existentes na natureza, por estes, geneticamente modificados e que impedem a 100% o desenvolvimento do parasita da malária no seu interior, o que não será, certamente, uma tarefa fácil.

Fontes: http://articles.latimes.com/2010/jul/17/science/la-sci-malaria-20100717 (18/07/2010)
http://dn.sapo.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=1620269&seccao=Sa%FAde (18/07/2010)          

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Cientistas respondem à velha questão: "Quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?"

 Todos nós conhecemos o enigma "Quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?", que quando colocado no quotidiano, não leva a conclusão alguma (se respondemos "o ovo" perguntam-nos "quem o pôs" e se respondemos a "galinha" perguntam-nos "de onde ela surgiu").

 Contudo, investigadores britânicos descobriram a resposta científica para esta questão, sendo que quem nasceu primeiro foi então a galinha. Este estudo, que utilizou o supercomputador HECToR, evidenciou que uma proteína essencial para a formação do ovo de galinha (como o conhecemos actualmente, visto que o ovo em si, na generalidade, é um instrumento reprodutivo muito antigo), denominada ovocledidin-17 (OC-17) apenas é produzida nos ovários dos indivíduos desta espécie. A proteína OC-17 é detectada na casca dos ovos, nomeadamente na parte mais dura, porém, até agora desconhecia-se que esta substância desempenhava um papel tão importante, na formação da casca dos ovos, nomeadamente no que toca à formação dos cristais de calcite presentes na casca, a partir de carbonato de cálcio. O supercomputador foi utilizado para mostrar quais os passos que levam à formação do ovo.

 Antes deste estudo ter sido levado a cabo, suspeitava-se que tinha sido o ovo de galinha que tinha surgido primeiro, todavia, os factos científicos apontam no sentido contrário. Por isso lembre-se: Da próxima vez que alguém lhe colocar este famoso enigma, responda que foi a galinha quem surgiu primeiro, pois sem a galinha não teria sido possível a produção de OC-17 e, consequentemente, nunca poderia ter surgido o ovo de galinha, com as características que apresenta na actualidade.

Fontes: http://dn.sapo.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=1618144
http://www.thestar.com/living/article/836216--science-answers-the-question-which-came-first-the-chicken-or-the-egg?bn=1
http://www.nydailynews.com/news/world/2010/07/14/2010-014_which_came_first_the_chicken_or_the_egg_the_chicken_researchers_say.html

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Tibetanos alcançam recorde da mais rápida alteração genética

 Não consta que os desportistas tibetanos tenham alcançado muitas medalhas, contudo o povo tibetano detém já um recorde bem diferente daqueles que normalmente ouvimos falar - trata-se do recorde da mais rápida alteração genética registada.

 Acontece que os tibetanos vivem em regiões de elevada altitude, habitando grande parte em locais situados a mais de 4400 metros acima do nível médio das águas do mar. Ora, a essa altitude os níveis de oxigénio são cerca de 40% menores que ao nível da água da mar, sendo que indivíduos provenientes de baixas altitudes, quando expostos a essas condições, acabam por sofrer de hipóxia, uma condição patológica associada à privação de oxigénio e que se manifesta através de dores de cabeça e fadiga.


  Através da comparação entre o ADN de 50 tibetanos (que não sofrem de hipóxia) e o de 40 chineses da etnia Han que vivem a cerca de 2000 metros de altitude, investigadores norte-americanos encontraram diferenças nos genes relacionados com o transporte de oxigénio no sangue (nomeadamente com a produção de glóbulos vermelhos e de hemoglobina). Visto que as duas populações estudadas divergiram (isto é separaram-se) há cerca de 2750 anos, esta alteração genética verificada nos tibetanos tratou-se da mais rápida alguma vez registada em seres humanos.

Fonte: http://www.newscientist.com/article/dn19117-tibetans-adapted-to-high-life-at-recordbreaking-rate.html (12/07/2010)

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Desenvolvimento de uma vacina contra o HIV mais próximo com nova descoberta



 A infecção por parte do vírus HIV (vírus da imunodeficiência humana) provoca uma diminuição do número de leucócitos (glóbulos brancos com função, sobretudo, de defesa do organismo), estando associada à síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA), a maior epidemia dos tempos modernos. O facto deste vírus afectar o sistema imunitário e a não existência de uma vacina contra o HIV, levam a que mais de 30 milhões de indivíduos já tenham morrido, devido à infecção com HIV, num período de somente 29 anos.

 Contudo, investigadores norte-americanos descobriram dois anticorpos (já denominados VRCO1 e VRCO2) que conseguem impedir a infecção de mais de 90% das variedades do vírus HIV, de forma eficaz, o que representa um avanço significativo na tentativa de desenvolvimento de uma vacina contra este vírus. Para além disso, os cientistas conseguiram também já compreender o método de funcionamento destes anticorpos.

 Dessa forma, a equipa de investigadores está já a desenvolver uma potencial vacina, que estimule a produção em "grande escala", por parte das células do nosso organismo, de VRCO1 e VRCO2, sendo a eficácia desta posta à prova na fase de testes.

Fonte: http://dn.sapo.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=1614043&seccao=Sa%FAde (09/07/2010)

terça-feira, 6 de julho de 2010

Células NK responsáveis pelo aparecimento de doença auto-imune

 Alopecia areata é uma doença que se caracteriza pela perda de cabelo (frequentemente na nuca) e que começa com o aparecimento de pequenas regiões onde o cabelo está ausente, evoluindo posteriormente para a perda de todo o cabelo (alopecia totalis), ou mesmo de todo o pêlo corporal (alopecia universalis). Esta é uma patologia comum que afecta cerca de 2% da população mundial.

 Já se sabia que Alopecia areata era uma doença auto-imune, ou seja, uma patologia na qual o sistema imunitário ataca tecidos saudáveis do organismo. Contudo, desconhecia-se qual o mecanismo biológico que ocorria, de facto, para que se desencadeasse Alopecia areata. 

 Todavia, um estudo realizado por investigadores da Columbia University (em Nova Iorque) sugere que é o ataque das células NK (uma classe de glóbulos brancos, mais propriamente de linfócitos, também conhecidas por Natural Killer cells, ou células Exterminadoras Naturais) aos folículos capilares (imagem da esquerda), que provoca esta doença auto-imune. Para explicar este fenómeno, visto que as células NK, normalmente, apenas atacam células tumorais ou infectadas por vírus, os cientistas encontraram 18 genes relacionados com Alopecia areata, de entre os quais um gene chamado ULBP, que codifica uma proteína activadora das células NK.

 Esta descoberta pode então ser determinante para a compreensão e tratamento desta patologia.


Fontes: http://www.newscientist.com/article/mg20727675.400-natural-killer-cells-are-at-root-of-hairloss-disease.html
           http://www.naaf.org/site/PageServer?pagename=about_alopecia_intro
           http://en.wikipedia.org/wiki/Natural_killer_cell (06/07/2010)

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Encontrados fósseis mais antigos de indivíduos pluricelulares

 Os primeiros organismos vivos eram unicelulares, ou seja constituídos por uma única célula. Posteriormente, como uma célula não pode aumentar indefinidamente de volume, agregados de seres vivos unicelulares formaram colónias (tal como acontece com as algas do género Volvox, na imagem da direita), que evoluíram posteriormente para seres pluricelulares (organismos com mais do que uma célula), com todas as vantagens que daí advêm (nomeadamente o aumento de volume e a especialização de grupos de células em diferentes funções).

 Devido à falta de registo fóssil, é praticamente impossível para os investigadores afirmarem com exactidão, quando apareceram os primeiros indivíduos pluricelulares. Os fósseis mais antigos de organismos com mais do que uma célula eram, até agora, os de Grypania (pensa-se que uma alga) encontrados no estado norte-americano do Michigan datados com 1,9 biliões de anos.

 Contudo, novos fósseis encontrados no Gabão (imagem da esquerda), em África, podem "tirar o recorde" aos fósseis de Grypania, visto contarem com 2,1 biliões de anos. É o tamanho dos organismos presentes nestes fósseis recentemente encontrados, cerca de 12 centímetros de comprimento, que leva os cientistas a afirmarem que estes podem ser os primeiros indivíduos pluricelulares encontrados (uma única célula nunca atinge semelhantes dimensões). De referir que estes organismos foram preservados (ao contrário de muitos outros, seus contemporâneos), pois as partes do seu corpo (mole) foram substituídas por minerais de pirite.

Fonte: http://www.newscientist.com/article/mg20727674.100-fossilised-cell-blobs-could-be-oldest-multicellular-life.html (02/07/2010)

terça-feira, 29 de junho de 2010

Primeira cidade sustentável da Europa será construída em Paredes

 A primeira cidade auto-sustentável e inteligente da Europa será construída em Portugal, mais propriamente em Paredes (imagem à direita), concelho do distrito do Porto, envolvendo um investimento de cerca de 10 mil milhões de euros e a criação de "vários milhares de postos de trabalho" (pelo menos cerca de 20 mil empregos qualificados).

 Este projecto resultará da pareceria estratégica de duas multinacionais - a Cisco (empresa norte-americana de electrónica) e a Living-PlanIT (empresa ligada ao desenvolvimento de tecnologia sustentável), sendo que serão desenvolvidos milhões de sensores para a "cidade inteligente", o que permitirá aos cidadãos desfrutar da "próxima geração da Internet", onde todos estarão conectados em tempo real (isto pode ser particularmente útil, por exemplo, para conseguir um médico por "telepresença", o que permitirá uma melhoria da qualidade de vida).

 O vice-presidente da Cisco mostrou inclusive interesse de exportar este modelo de cidade sustentável. Actualmente, várias cidades e bairros "amigos do ambiente" encontram-se em construção, nomeadamente na Europa, América  e Ásia. 

Fontes: http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=60&id_news=457115
            http://www.ionline.pt/conteudo/66465-primeira-cidade-sustentavel-da-europa-nasce-em-paredes

sábado, 26 de junho de 2010

Colocada nova hipótese para a morte de Tutankhamon

 O Faraó Tutankhamon (1341 a.C. - 1323 a.C.) é um dos mais conhecidos do Antigo Egipto, quer devido à descoberta do seu túmulo, quer devido ao facto de ter falecido muito jovem, estando a sua morte ainda envolta em mistério.

 Várias causas foram já apontadas por investigadores e historiadores para justificar a morte deste faraó - desde queda de uma quadriga, até ao envenenamento por parte de familiares. Contudo, a causa actualmente mais aceite para a morte do soberano relacionava-se com malária cerebral, juntamente com doenças congénitas nos ossos, hipótese apoiada pelo facto de terem sido descobertas necroses nos ossos do pé esquerdo de Tutankhamon e detectados genes do parasita que causa a malária.

 Porém, estudos de uma equipa de investigadores alemães do Instituto Bernhard Nocht para Medicina Tropical sugerem que a verdadeira causa para o falecimento do faraó pode ter sido a anemia falciforme. Esta doença é provocada por uma mutação num gene que codifica a proteína hemoglobina (proteína presente nos glóbulos vermelhos e associada ao transporte de oxigénio), levando a que os glóbulos vermelhos do indivíduo adquiram a forma de foice, em vez da forma normal de disco bicôncavo (imagem da esquerda), algo que afecta o transporte de oxigénio para as células e leva a danos nos ossos, como os apresentados por Tutankhamon. 

 A mutação que leva ao aparecimento de anemia falciforme é comum em países onde a malária é endémica, como o Egipto, pois confere imunidade contra a malária. Isto não impede, contudo, que os indivíduos com anemia falcofrme "transportem" o parasita da malária no seu sangue. No caso do faraó, uma infecção desse género poderia ter levado a uma "crise fatal de anemia falciforme", que culminou com a falta de oxigénio nas várias células e com a morte de Tutankhamon.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Mosca-da-fruta muda de nome, criando polémica

 As "moscas-da-fruta" são muito utilizadas em biologia, nomeadamente para estudos de genética (para estudar a transmissão de determinadas características), devido ao facto de possuírem quatro pares de cromossomas relativamente grandes, apresentarem grandes diferenças físicas entre machos e fêmeas (dimorfismo sexual), terem um curto ciclo de vida e produzirem uma grande quantidade de descendentes.

 Dessa forma, a importância da "mosca-da-fruta", faz com que o seu nome científico - Drosophila melanogaster - seja tão conhecido e frequentemente abreviado simplesmente para "Drosophila". A importância do uso dos nomes científicos prende-se com o facto de cientistas de diferentes nacionalidades conseguirem identificar as espécies referidas em diversos estudos, pelo facto destes nomes serem "universais" e característicos de cada espécie.

 A mudança de nome científico da mosca-da-fruta, de Drosophila melanogaster para Sophophora melanogaster, está, por isso, a causar polémica no seio da comunidade científica (de referir que muitos nomes científicos são alterados sem que haja qualquer tipo de polémica) - por um lado, alguns investigadores defendem que o nome científico deve ser alterado, visto que em termos genéticos a "mosca-da-fruta" está mais próxima de indivíduos do género Sophophora, que do género Drosophila e que deve o critério evolutivo deve ser o mais importante para "baptizar" as espécies. Contudo, outros cientistas defendem que o novo nome apenas criará confusão e que o hábito levará a que se continue a utilizar o nome científico original.

Fonte: http://www.newscientist.com/article/mg20627656.200-the-fruit-fly-formerly-known-as-drosophila.html (22/06/2010)
 
Locations of visitors to this page