quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Encontrado o agente responsável pela peste negra

A peste negra foi uma epidemia medieval, tendo sido responsável pela morte de cerca de um terço da população europeia no século XIV. Contudo, a comunidade científica não era unânime relativamente o agente patogénico responsável por esta epidemia - alguns cientistas acreditavam que o responsável pela peste negra era um vírus semelhante ao do ébola, enquanto outros defendiam que se tratava da bactéria Yersinia pestis.

Porém, estudos recentes baseados na análise de DNA da bactéria Yersinia pestis em ossos de vítimas de peste negra (depositados num local de enterro em massa da cidade de Londres) revelaram que uma variante até então desconhecida da bactéria Yersinia pestis foi a responsável pela epidemia, sendo que, actualmente, essa variante está provavelmente extinta. 

De referir que, como forma de evitar a contaminação que advém da extracção de DNA de ossos ou dentes, esta análise utilizou uma nova técnica, que poderá, no futuro, ser utilizada para desvendar a sequência genética completa da variante de Yersinia pestis responsável pela peste negra, algo que poderá explicar o seu aparecimento, bem como o porquê de ser tão contagiosa.

Fontes: http://www.newscientist.com/article/dn20844-black-death-bug-identified-from-medieval-bones.html
http://www.pnas.org/content/early/2011/08/24/1105107108 (31/08/2011)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Tabagismo induz alterações em gene supressor tumoral

 Já se conheciam inúmeros efeitos adversos para a saúde, relacionados com o tabagismo. Todavia, investigadores da universidade britânica de Birmingham provaram pela primeira vez que o tabagismo está directamente relacionado com a supressão da acção de genes que ajudam a combater os tumores.

 Para levar a cabo este estudo foram analisadas células do cancro do colo do útero, visto que as mulheres com cancro do colo do útero têm um maior número de mutações epigenéticas, ou seja, alterações do DNA, por ligação de um grupo metilo, no gene p16, que tem como função a supressão de tumores. 

 Essa análise permitiu concluir que a percentagem de células com o gene alterado era muito superior nas mulheres fumadoras (cerca de 37%) que nas não-fumadoras (cerca de 9,3%). Isto comprova, mais uma vez, que os indivíduos fumadores têm mais tendência a desenvolver cancro que os não-fumadores.

 Contudo, nesta investigação foram também estudadas mulheres que tinham deixado de fumar. Verificou-se que nessas mulheres a percentagem de células com o gene p16 modificado era igualmente baixa, o que sugere que estas alterações genéticas induzidas pelo tabagismo são revertíveis.

domingo, 3 de outubro de 2010

Equipa portuguesa identifica radical livre benéfico para as células


 Os radicais livres são átomos, moléculas ou iões geralmente muito reactivos que são produzidos pelas células humanas, durante o seu metabolismo, exercendo um efeito oxidante nas estruturas biológicas. Segundo a teoria dos radicais livres, proposta nos anos 50 do século passado pelo cientista norte-americano Denham Harman, é a acumulação destes radicais nas células (nomeadamente as espécies reactivas de oxigénio) que leva ao envelhecimento dos organismos.

 Contudo, estudos levados a cabo por uma equipa portuguesa do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde, associada à Universidade do Minho (no Norte do país), concluíram que é errada a generalização de que todas as espécies reactivas de oxigénio exercem efeitos negativos em termos de envelhecimento celular.

 A investigação realizada em células de leveduras concluiu que enquanto o anião (ião com carga negativa) e radical livre superóxido é efectivamente prejudicial para as células dos organismos vivos, o peróxido de hidrogénio, outra espécie reactiva de oxigénio (cuja estrutura está representada à direita), tem, na verdade, efeitos benéficos para a longevidade celular, pois activa "algumas vias de sinalização intercelular", algo que é indispensável para assegurar a sobrevivência das células.

 Esta descoberta poder-se-à revelar útil para futuras estratégias de combate ao envelhecimento.

Fonte: http://www.tvi24.iol.pt/tecnologia/envelhecimento-tvi24/1195800-4069.html
          http://en.wikipedia.org/wiki/Free-radical_theory (3/10/2010 - 18h)

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Parasita da malária foi importado dos gorilas

 A malária, uma doença que todos os anos atinge entre 350 e 500 milhões de indivíduos, é uma patologia provocada por um parasita, um protozoário do género Plasmodium, sendo transmitida através da picada de um mosquito do género Anopheles. De entre as várias espécies de parasitas do género Plasmodium, Plasmodium falciparum é a responsável pela maioria dos casos de malária (cerca de 91%) e aquela que mais casos letais origina. 

 Acontece que até agora pensava-se que os hominídeos sempre tinham convivido com a malária e com P. falciparum, ou que, segundo outros investigadores, o parasita começou a infectar os hominídeos mais tarde, tendo sido transmitido por chimpanzés.


 Contudo, novos estudos sugerem que foi através dos gorilas que os hominídeos começaram a contactar com esta doença. Na verdade, através do estudo das relações evolutivas entre diversos parasitas da malária presentes na África Central, investigadores britânicos e norte-americanos concluíram que o parasita que afecta os seres humanos está muito próximo evolutivamente do parasita que provoca malária nos gorilas, tendo evoluído a partir deste há cerca de 300 000 anos. 

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Óxido nítrico pode ser fundamental na reparação de lesões cerebrais

 Um estudo realizado por investigadores da Universidade de Coimbra (em Portugal) em colaboração com cientistas da Universidade de Lund, na Suécia, debruçou-se sobre o papel do óxido nítrico, aquando de lesões cerebrais. 


 O óxido nítrico é uma molécula constituída por um átomo de oxigénio e um átomo de azoto (daí a sua fórmula química ser NO). O óxido nítrico encontra-se naturalmente sob a forma de um gás, com importantes funções biológicas, actuando como uma molécula envolvida na transmissão de informação entre células. Para além disso, esta molécula é produzida no cérebro, aquando de uma inflamação. 


 Pensava-se, por isso, que impedisse a proliferação de células-tronco neuronais, essenciais à recuperação das zonas lesionadas. Contudo, o estudo mostrou que, aquando de uma concentração reduzida de óxido nítrico, a proliferação deste tipo de células foi estimulada. Estas conclusões podem se vir a revelar particularmente importantes para futuros tratamentos de lesões cerebrais, como o Alzheimer 

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Investigador português é galardoado com o Prémio Internacional Viktor Ambartsumian

 O Prémio Internacional Viktor Ambartsumian, que foi entregue pela primeira vez este ano, pelo Presidente da República da Arménia, distingue os indivíduos que se destacaram na área da astrofísica (o ramo da astronomia que se ocupa com o estudo da física ligada ao universo,  nomeadamente as propriedades físicas deste) e áreas adjacentes (física e matemática).

 Este ano, o prémio, no valor de 500.000 dólares (aproximadamente 385.000 euros) foi entregue a três investigadores, de entre os quais, um português - Nuno Cardoso Santos, astrónomo no Centro de Astrofísica da Universidade do Porto e autor de 128 artigos publicados, tendo mais de 5200 citações. Os outros dois investigadores galardoados com o prémio Viktor Ambartsumian foram Michel Mayor, astrónomo e professor suíço na Universidade de Genebra, e Garik Israelian, astrofísico arménio, actualmente a trabalhar nas Ilhas Canárias.

 O prémio foi atribuído aos três investigadores pelo seu trabalho desenvolvido no estudo de estrelas, em torno das quais orbitam planetas, algo que é fundamental para a compreensão dos processos que levam à formação de novos planetas.

 Viktor Ambartsumian (1908 - 1996, de seu verdadeiro nome Viktor Hambardzumyan) foi um cientista Soviético nascido na Arménia, sendo considerado um dos pioneiros no estudo da astrofísica teórica, tendo vencido a Medalha de Ouro Lomonossov (1971), o Prémio Estaline (1946, 1950) e sido galardoado com o título de Herói Nacional da Arménia. 

Fontes: http://www.astro.up.pt/divulgacao/index.php?WID=461&CID=1&ID=141&Lang=pt
            http://en.wikipedia.org/wiki/Viktor_Hambardzumyan

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Ciência e cientistas da Croácia

 Este post surge na sequência da minha visita à Cróacia, país que, apesar de pequeno, deu importantes contributos à Ciência mundial.

 Na Idade Média, a República de Ragusa (actual cidade de Dubrovnik, no sul da Croácia) foi o primeiro estado a decretar a obrigatoriedade de indivíduos e navios permanecerem isolados e fora da cidade por um período de tempo, como forma de prevenir o registo de casos de peste, uma doença infecto-contagiosa. Este período de tempo era inicialmente de 30 dias, tendo sido posteriormente alargado para 40, nascendo aí a quarentena. Também em Dubrovnik abriu a primeira farmácia da Europa, que ainda se encontra em funcionamento, localizando-se no interior do Mosteiro Franciscano.

 Já no século XVIII, Ruder Boskovic (na imagem), cientista e religioso croata, desenvolveu a teoria atómica e fez vários estudos na área da astronomia (muitas delas apoiadas na matemática), tendo descoberto que na Lua não existe atmosfera. 


 Entre os finais do século XIX e os princípios do século XX, destacam-se os trabalhos do sismologista Andrija Mohorovicic, que descobriu que as ondas sísmicas se reflectem e refractam, tendo deduzido a existência de uma descontinuidade entre a crosta e o manto (que hoje se chama, em sua honra, descontinuidade de Moho); do inventor eslovaco de origem croata Stefan Banic, que inventou o primeiro pára-quedas utilizado de facto e o pára-quedas militar e do inventor Nikola Tesla, que desenvolveu a corrente alternada, o motor de indução e a transmissão de sinais sem fios.


 Dois croatas foram laureados com o prémio Nobel da Química - Leopold Ruzicka e Vladimir Prelog, sendo que actualmente inúmeros cientistas croatas trabalham em equipas internacionais.
 
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